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Sunday, April 22, 2007
MUDAMOS
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Wednesday, March 21, 2007
A Trip Down Memory Lane (ou: de como aos 18 anos eu quis ser Carl Solomon e fracassei)
que roubei os frutos mais amargos das bibliotecas e pisei descalça nos cacos de pessoas nas calçadas
não sei onde estou indo
eu
que tanto quis te mostrar a bandeja secreta com as coisas bonitas da vida
as coisas pequenas que escapam feito água pelos buracos da vida
estou ainda procurando
eu
que conheço de cor os meus defeitos e as tuas virtudes
que acreditei nas pessoas e ainda acredito
que tenho visões imprecisas da vida no futuro
quero te levar pra longe de tudo isso
mas estou sozinha diante da porta trancada
--M.D. Bandarra (21 de Outubro de 1999)
Sociopatia, IIHMFDP, e ARDC
;)
E já que estamos nessa onda de amargor frente à raça masculina (só os imbecis, veja bem) e à Irmandade Internacional dos Homens Mentirosos Filhos-da-P*ta (IIHFDPM), deixo essa lembrancinha dahmeriana que -- sinceramente -- colocou um sorrisinho maroto no meu rosto durante o dia inteiro.
Ah, o doce gostinho do amargor...
Aliáaaaas...falando em amargor, em homenagem à Nerivea (neo-carioca) vou reviver um dos textos do Tortura #1, clássico da literatura chinelona em xerox. Esse artigo foi escrito originalmente como parte de um projeto fantasma idealizado no finado #iluminatti da braznerd, lá pelos idos de 2002, chamado As Recalcadas Da Capricho (ARDC). A idéia era fazer um grande manifesto anti-capricho. Uma revista para adolescentes que (como nós no passado) não conseguissem realmente se enxergar nas páginas da revista da gatinha. Como o projeto nunca saiu do papel (assim como a maior parte dos projetos em que sou incluída -- coincidência??), acabei aproveitando o texto no primeiro exemplar do Tortura. Enfim, chega de bla-bla-bla. Let's go!
Sabe aqueles momentos em que você olha pro seu pimponeto e sente um embrulho no estômago digno de Emma Bovary? Ou quando algum crápula adorável te fala que quer dar um tempo e aparece no outro dia de mãozinhas dadas com uma mocréia? Quando seu grande amor do passado (o maior clichê novelístico, toda mulher dá um braço por uma dor-de-cabeça desta espécie) retorna de sua viagem ao exterior, casado, feliz e mais lindo do que nunca? Aqueles momentos em que você deseja subtrair-se do mundo e escovar os dentes deitada para não ter que encarar o espelho do banheiro?
Pois nestes momentos, minha filha, a opção mais eficiente a curto prazo é sentar sua bundinha dolorida em frente ao computador e ler o incrível guia d' AS RECALCADAS DA CAPRICHO para aprender...
...Como Disfarçar o Amargor (sem perder o gostinho do ressentimento)
Bem, você é uma pessoa amarga e teme que toda sua vida vá por água abaixo por causa disso. Seus amigos, fartos de tanto recalque, podem começar a te ignorar, e sua família certamente se sentirá na obrigação de "te ajudar de alguma forma", o que pode ser desastroso. Mas isto não é problema se você souber como disfarçar seu desgosto e ódio pela raça humana seguindo as dicas práticas que ARDC preparou para estas ocasiões, em que o espírito do recalque destrutivo se manifesta.
A primeira coisa a lembrar é que disfarçar o amargor não é curá-lo. É simplesmente fazer com que os outros não percebam sua constante náusea para com as atividades mundanas. Portanto não se prenda a questões profundas, como "...mas eu sou tão triste, e ninguém nota" ou "...estou sozinha no mundo, Jesus". Se você quiser curtir seu amargor com todo o ressentimento e rancor necessário, é preciso se desligar da carência imediata de querer que os outros saibam que você sofre. Não sinta pena de si mesmo.
1. Quando alguma(o) amiga(o) tentar te consolar tecendo elogios e desejando que o seu humor melhore, diga que você está cansada porque trabalhou muito durante a última semana e faça um drink bem forte para ela(e).
2. Na rua ou em lugares públicos, sorria para as pessoas, pressionando bem forte as arcadas superior e inferior, concentrando-se para um holocausto nuclear.
3. Leia livros pessimistas. Se alguém perguntar, diga que você tem uma prova.
4. Vá ao cinema sozinha. Assista filmes de aventura e comédias românticas norte-americanos. Sinta no seu íntimo o quão ridículo é o ser humano e ria das pessoas. Sob hipótese alguma chore durante o filme.
5. Saia à noite, embonecada e maquiada. Volte para casa cedo e sozinha pensando como todos os homens são idiotas. Diga a todo mundo que você encontrou um super-pretendente e teve que sair à francesa (sem querer soar lésbica).
6. Quando notar que as pessoas estão percebendo seu pútrido estado de espírito, diga que o sonho de sua vida é se casar com um bom partido e se tornar uma socialite. Se perguntarem o porque, diga que você quer ajudar as criancinhas.
7. Quando estiver se sentindo muito mal, reúna o maior número possível de amigos solteiros do sexo masculino e vá a um lugar público.
8. Dôe para uma biblioteca todos os seus livros do Vinícius de Morais e esconda os discos da Angela Roro. Vista roupas coloridas e passeie com animais de estimação. Assovie canções enquanto passeia.
9. Mande entregar flores para si mesma durante o horário de trabalho. Pareça surpresa e exclame, diante de seus colegas: "Aquele danadinho! Ele adora fazer isso!"
10. Quando encontrar acidentalmente pessoas "responsabilizáveis" pelo seu amargor (e.g. ex-namorado, atual namorada do ex-namorado, irmã/mãe do ex-namorado, amigo do ex-namorado), não disfarce: cumprimente. Sorria, beije, abrace, pergunte da mãe, e saia andando, com o sorriso trincado no rosto. Espere sair da vista (do indivíduo) para desfazer o sorriso. Se sua cara horrível denunciar a alguém o motivo do amargor, diga que está passando mal porque comeu maionese de sogra.
Se nada disso funcionar, compre um dildo (a.k.a. pau de borracha - apesar de haverem versões em outros materiais). Se não puder, ou tiver vergonha de comprar um, faça sexo com alguém. Pode ser um vizinho, um amigo da família, um desconhecido. O importante é remendar essa sua latinha de recalque e limpar qualquer traço de amargor que possa prejudicar sua imagem. Vai lá minha filha!
M.D.B. (assistente social, agiota e romeira)
Monday, March 19, 2007
A Scanner Darkly
Assisti há pouco. Excelente filme, mas assim como o predecessor Waking Life, vou ter que assistir mais umas três vezes pra entender tudo. Bem denso, momentos engraçados, e a Winona Ryder loira. No mais, o Keanu Reeves sempre se sai bem fazendo papel de 'monguinha'. Assim que eu terminar de entender o filme, tento postar impressões mais detalhadas aqui. Agora boa noite, que amanhã tem aula cedinho.
Friday, March 16, 2007
TENDÊNCIA 2007: CHUBBY HIP
Chubby Hip, Chubby Chic, Fatty Fab, Gordulícias, Fofinhas, ou (para os pornógrafos e pornófilos de plantão) simplesmente BBW...ainda não decidi qual o melhor nome para a tendência, mas... convenhamos, chegou a nossa vez. Nessa onda, temos a ever-so-wonderful ex-modelo anoréxica Kate Dillon (na foto), as brasileiras do Cirque du Soleil, uma animação francesa chamada Plastik, a musa do lezbo-punk-disco Beth Ditto, e a pin-up esquecida (e deliciosa) Hilda. Além, é claro, de muitas outras. Vamos lá, meninas! Curvas! C-U-R-V-A-S! Sim! Sinceramente, acho que os únicos homens que gostam de mulheres assim são os homosexuais (todo meu respeito a eles, mas não me dão o que eu gosto) que editam as revistas de moda. Sim, porque -- caso você ainda não tenha se dado conta -- o mundo da moda é dominado por homens gays e mulheres magras. Está vendo onde eu quero chegar? Os homens heterosexuais não tem nada a ver com o mundo da moda, eles não editam, não colaboram, não desenham roupas (ok, tem o John Galliano, mas ele é legal), e PRINCIPALMENTE não dão a mínima para o que as revistas de moda acham bonito ou feio, certo ou errado. E sinceramente, me mostre um heterosexual que leia revistas de moda, e -- em verdade vos digo -- lá não estará a heterosexualidade.
Sacou?
mais links adiposos aqui
Thursday, March 15, 2007
THIN
gorda!
Ontem assisti o novo documentário da HBO, THIN (dir. Lauren Greenfield). Há tempos que essa coisa de anorexia nervosa e bulimia está na moda. Eu sempre tive um certo preconceito com isso de magreza, talvez por eu mesma não ser magra, talvez porque eu me revoltar com a intolerância dos magros em relação àqueles que não estão nem aí. Nunca contei calorias, nunca vou contar. A única dieta que serve pra mim é Atkins. Não chego a ter uma alimentação saudáááável, mas também não sou nenhuma amante de junk-food. Quero dizer, sim, hambúrgueres são uma delícia, mas eu prefiro fazê-los em casa do que comer os de minhoca. Tenho resistência em consumir produtos muito processados, industrializados desnecessários, e et ceteras. Mas não há como negar que estou acima do peso. Não só acima do peso das modelos (até porque 98% das pessoas -- exceto na África sub-saárica -- também estão), mas também acima do peso que minhas articulações agüentam. Então, meu ponto de vista, ao começar a assistir o documentário, era o de quem estava louca para ridicularizar as magras assim como elas gostam de ridicularizar as gordas.
Mas não consegui. Claro que não existe nada mais irracional do que uma pessoa que quer tanto ser magra que não se importa em morrer para tanto, mas THIN revela muitas camadas por trás da obsessão com a magreza, não só a percepção distorcida da auto-imagem, que é comum a quase todas as mulheres (mesmo), mas principalmente os fatores familiares e culturais que acabaram tornando anorexia e bulimia doenças hype entre as adolescentes (no Brasil, elas se referem às doenças com os apelidinhos fofos de Ana e Mia). Não tem como ridicularizar essas mulheres, porque elas não são a causa da própria loucura, embora sejam as únicas responsáveis diretas, e as únicas pessoas capazes de reverter o processo. Na verdade, as anas/mias da vida não passam de uma ilustração do ponto em que pode chegar a crueldade de um padrão rígido.
É verdade que algumas pessoas nasceram magras, são abençoadas com metabolismos rápidos. É para elas que foi feito o mundo da moda. É verdade também que alguns séculos atrás essas mulheres seriam relegadas à marginalidade, e ficariam encalhadas, seriam consideradas as mocréias da paróquia. Mas os tempos são outros. O preconceito com a fofurinha atingiu picos inimagináveis, sobretudo entre as mulheres. Sim, porque os caras gordos também sofrem preconceito, mas devido à natureza das funções sociais da mulher, uma mulher que não é "comível" não serve pra nada. Ou melhor, serve para muito poucas coisas, sendo uma delas a chacota. Tem que ficar escondida, e de preferência não se manifestar (não até fazer um regime e ficar passável, pelo menos). De certa forma, as próprias mulheres são responsáveis por isso, se deixando coisificar, preferindo o reconhecimento do corpo ao reconhecimento da mente.
E não adianta vir com essa de que "hoje em dia as mulheres estão até em cargos de chefia nas grandes empresas", porque essas mulheres simplesmente não são gordas! E as que eram fizeram lipoaspiração, e não comentam sobre o assunto. Sei de uma executiva excelente que perdeu uma oportunidade de trabalho para a qual ela era a mais qualificada, por causa da aparência. Ela pesa quase duzentos quilos, mas era muito mais competente do que os concorrentes para a vaga. O cara que ganhou a vaga, constrangido, pediu ao recrutador que contratasse a gordinha para assessorar o projeto, pois ela afinal de contas "sabia muito mais do que ele sobre a área".
Entenderam? É isso o que está acontecendo aqui. A única forma que uma mulher tem de ser amada, é emagrecendo. E nunca se viu tantas anas e mias juntas, na mídia e nas ruas. No momento em que milhares e milhares de mulheres preferem morrer a ser gordas, aí é que eu penso -- como mulher e como gorda -- que os gordos são os negros da beleza.
"Quando eles vierem, vão comer os gordos primeiro."
Por outro lado, o termo "distúrbio alimentar" ficou atrelado a essas duas doenças: a anorexia e a bulimia, mas pesquisando na internet (a meca dos hipocondríacos), encontrei a descrição do meu distúrbio alimentar.
Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica
Estudos em comunidades indicam que entre 2% e 5% dos norte-americanos apresentam um transtorno de compulsão alimentar. Eles executam verdadeiras farras (binges), ou seja, excessos alimentares agudos num período de 6 meses. Os sintomas incluem:
1. Episódios recorrentes de alimentação compulsiva, caracterizados pela ingestão de uma quantidade excessiva de alimentos num determinado período e por uma sensação de falta de controle sobre a ingestão desses alimentos durante o episódio;
2. Os episódios de compulsão alimentar se associam a pelo menos 3 das seguintes situações: comer muito mais rapidamente que o normal; comer até se sentir desconfortavelmente cheio; comer uma grande quantidade de alimento sem estar fisicamente com fome; comer sozinho por ficar constrangido com o quanto ingere; e sentir nojo de si mesmo, depressão ou muita culpa após comer em excesso;
3. Angústia acentuada devido ao comportamento de alimentar-se excessivamente (compulsivamente);
4. A compulsão ocorre, em média, pelo menos 2 dias por semana por 6 meses;
5. Os excessos não se associam à prática de comportamentos compensatórios inadequados (p. ex. purgação, jejum, exercícios excessivos).
As pessoas com transtorno de compulsão alimentar apresentam episódios freqüentes e descontrolados da ingestão de alimento, com os mesmos sintomas de excessos das pessoas com bulimia.
A diferença principal é que os indivíduos com transtorno de compulsão alimentar periódica não purgam o corpo das calorias excessivas. Por esta razão, muitos dos portadores do transtorno apresentam excesso de peso para sua idade e altura.
Os sentimentos de nojo e vergonha de si mesmo podem levar a novos episódios compulsivos, criando um círculo vicioso de farras alimentares.
Até que enfim! Um distúrbio alimentar que deixa as pessoas gordas! Aí está nossa vantagem. É muito mais difícil morrer de comer compulsivamente do que morrer de não comer. A vingança! Ah, como é doce. Falando em doce... que delícia essa balinha de Canela.
Pra terminar, um videozinho sueco que a seridée me mandou hoje de manhã, sobre o tema.
De Varapaus a Porretes
Monday, March 12, 2007
o retorno da infância perdida
Porém, há certas coisas que guardam para sempre o gosto da infância, não falo das memórias e sim de circunstâncias que nos transportam de volta. Não, não é um "relembrar", e sim uma volta à sensação de ser criança. Para mim, algumas dessas coisas são naturais, rotineiras. Outras, passo anos sem fazer. Cada um precisa achar as suas. Que se foda o que pensem, que se foda o que digam, nada no mundo é melhor que se sentir criança, e ter consciência o suficiente para aproveitar. Seguem algumas dicas. Não garanto o sucesso, mas para mim funcionam. Dependendo da infância de cada um, essas atividades podem variar. Mas algumas servem pra todo mundo.
1. Comer bolachinha recheada com as duas mãos, abrindo e lambendo os recheios. Idealmente, abra a bolachinha de modo que os dois lados fiquem com um pouco de recheio, e dê uma lambida em cada uma, até que as duas partes da bolacha estejam totalmente sem recheio. Se desejar, coma as metades da bolacha depois (mordendo pelas pontas, e deixando o centro por último);
2. Tomar banho de chuva. Assim que a chuva for suficiente para formar uma poça, não tenha vergonha na cara: sente bem no meio.
3. Fazer um fanzine. Falando assim, nem parece coisa de criança, mas envolve todas as atividades básicas do jardim de infância: recortar, colar, desenhar, colorir...
4. Inventar brincadeiras. A melhor forma de combater o tédio é inventar seus próprios jogos e brincadeiras. Vale qualquer coisa: baralho, memória com caixinhas de cigarro, zarabatanas com caneta bic...o céu é o limite. Quanto mais inusitadas forem as brincadeiras, mais divertido será o tempo que você passar testando-as. Esportes inventados devem ter suas regras bem definidas, para evitar brigas entre os amiguinhos.
5. Lustrar a casa com flanelas (só funciona pra quem tem piso de parquet ou taboão). O objetivo é realizar o maior número possível de evoluções, como os patinadores. Pode ser feito em banheiros de azulejo molhados, também. Consulte seu médico antes de brincar de lustrar o chão. Acidentes podem ser fatais.
UPDATE:
6. Comer feijão com arroz de colher. Misturar bem antes de começar a comer. Na verdade, comer qualquer coisa de colher dá uma certa sensação de regressão.