A rosa é obsoleta
mas cada pétala termina em um corte, a dupla faceta
acimentando as entalhadas
colunas de ar
O corte corta sem cortar
encontra--nada--renova
a si mesmo em metal ou porcelana
pra onde? para o fim--
Mas se há um fim
o começo principia
de modo que tramar rosas
torna-se uma geometria--
Mas nítida e bem-feita, mais cortante, uma figura em maiólica
o prato quebrado
envernizado com uma rosa
Em algum lugar o sentido
faz rosas de cobre
rosas de aço--
A rosa carregava o peso do amor
mas o amor está no fim--das rosas
É no corte das pétalas
que o amor aguarda
Franzido, trabalhado para derrotar
o peso--frágil
escalpelado, úmido, semi-ereto
frio, preciso, pungente
O que
O lugar entre o corte da pétala e o
Do corte da pétala uma linha
principia
que sendo de aço
infinitamente fina, infinitamente
rígida penetra
A Via Láctea
sem contato--se erguendo dela--nem pendurada
nem empurrando
A fragilidade da flor
intocada
penetra o espaço
--William Carlos Williams
[traduzido por M.D. Bandarra, em Março de 2004]
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